A prima-Vera veio colorir... Me!

E andava eu meio cansada

De pintar os dias coloridos com a minha aquarela...

Pois que vinha a chuva

E desfazia-lhe todas as cores...

Em cinza ficávamos nós... em lágrimas da chuva.

No meu céu "de lá" tem sempre azul...

E passarinhos cantam em todas as estações.

E, se vem a noitinha... o Cruzeiro do Sul brilha imponente!

Ah... O Cruzeiro do Sul a nos abençoar...

Sinto saudades.

Mas hoje o céu está de um azul tão lindo... tão lindo...

Que quero eu cantar e bater palminhas... tal criancinha.

E tirei do bolsinho "chovido" todas as minhas borboletas!

E soltei-as no ar!

Elas necessitam trabalhar... Lá vem as flores!

Não posso eu aqui traduzir com palavras...

A imensurável alegria de ver-te chegar.

Recebi ontem um telegrama teu...

Dizias que vinhas com a chuva... És brincalhona!

Vieste nos raios da Luz do Sol de Deus!

E estás linda com este vestido de fundo azul anil...

E tantas flores bordadas com o fio colorido da esperança minha...

De ver-te novamente, alma gêmea da minha...

Tão colorida e levezinha quanto a alma minha se tu comigo estás... eu levito...

Minha linda criança alegre, doce prima-Vera...

Chegaste a dar risadinhas e a bater na janela minha...

E eu quase não acreditei! Que alegria a minha!

Sê muito bem vinda à minha humilde casinha...

À casinha do meu coração...

Que já estava tão cansada de esperar-te.

E o teu abraço secou-me o vestidinho...

E trouxeste tu um saquinho de versos e sonhos!

Que lindo presentinho! Eu estava a precisar!

E tuas agulhas de croché... há muito o que fazer!

E deixa-te de pressa, linda prima-Vera...!

À partir de agora... o meu relógio descansará...

Da velocidade com que eu pedi-o para ele girar.

E pararei o meu tempo... esse tempo bom de mim.

Deixa-me azul, prima-Vera... da cor do céu!

Depois deixa-me amarela, raios de sol!

E cor de rosa, e verdinha! ... Tantas cores e linhas!

Deixa-me "cor de abelha"... "cor de flores"!

Só não deixa-me... só não deixa-me.

Trouxeste-me uma dor em flor?

Algo que faça com que eu perca-me do meu egoísmo?

Preciso escrever... sentir o mundo... escrever...

Não deixa-me por demasiado feliz...

Empobrece-me... emudece-me.

E eu não vim aqui para isso. Nem tenho tempo...

Essa minha mania de sentir tudo e muito...

Karla Mello

20 de março de 2013

Karla Mello
Enviado por Karla Mello em 20/03/2013
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