MAR, DOCE MAR
MAR, DOCE MAR
Que escondes sob esse lençol azul,
sob essa imensidão gelada de silêncio,
sob a tua calma feita de água, ó mar?
Que monstros e que tesouros terás?
Mas monstros não serão tesouros
enriquecendo nossa pobre rotina
e fazendo palpitar as nossas vidas?
E os tesouros não serão monstros
que destroem a nossa paz
e consomem as nossas almas?
Que tememos em ti, sereno mar,
de cavernas de coral e fósseis vivos,
cemitério milenar de civilizações afogadas?
Não será a vida de nossos antepassados,
seu exemplo, sua filosofia, sua História?
Não será o pavor de rever tudo o que perdemos,
os valores que esquecemos, traímos, negamos?
Que tesouros do Passado nos escondes, ó mar !
E que monstros, no futuro, tu esconderás !
(em 24/agosto, 1985)
"NATO" AZEVEDO