Dedilhando partículas divinas.
(Blog: "Patrícia Porto-Sobre Pétalas e Preces" pporto.blogspot.com.br)
quando um sonho morre,
uma pequena parte do mundo definha,
a que se chama coração.
O que a gente faz então com essa roda
de fortunas e infortúnios?
O que a gente faz pra parar de girar sem cair?
Por que a gente corre e não chega?
Por que a gente cresce e não aprende?
E por que a gente ama e sofre,
sofre e não merece?
E a gente morde, assopra,
morde de novo; é mordido.
A gente trabalha e não ganha.
Cultua o corpo
e quer ser aceito por toda gente.
E não descansa.
A gente bebe coca, come alface,
e dorme com gente estranha
só pra se divertir.
A gente cheira e fede,
e bebe pra pensar que é gente,
pra fazer amigo,
pra encher o copo de cólera
alívio e tempestade.
A gente vive, vive, vive...
E não se cansa de se cansar
e vive se cansando de viver
com vontade de viver sem se cansar.
E quando um sonho morre
a gente nem o prepara...
E quando anunciam:
“esse foi, descansou...”,
o que a gente faz?
A gente senta e chora.
A gente chora e só.
Mas sem jeito de parar de sonhar
a gente volta pra roda
e feito o menino da pipa
faz do riso um novo invento.
E sonha ao som de um trem,
um sino,
um latido: um espetáculo...
Patricia Porto