Desjejum

Sinto uma aversão pelo “rock”.

Não me toque, por favor.

Oh que horror que me dá

seu mau hálito, o sabor

com que parece querer me despir

pra depois consumir,

devorar, sei lá!

Sinto aversão pela ceia,

mesa cheia de pessoas

a se entreolharem,

a tristeza disfarçada

no meio de tantas risadas.

Comem mundanas, esquecidas

do que comeram no almoço.

Sinto prazer com o “jazz”

que não descobre meus pés,

mantendo-os bem aquecidos.

E o seu olhar esquecido

parece rondar por ali, à espreita de mim

que devo ser bem atraente.

Indulgente é o que você é com você.

Sinto um prazer com o desjejum

em certo lugar nenhum da brisa fresca

da doce manhã sem sol.

Ouço o canto de um rouxinol, assim

que me apercebo desse olhar em mim

pra me despir e devorar, depois

de entender que é isso o que quero!

Rio, 05/01/2005