Recesso eterno
O inferno não existe
O deserto é fértil
O acesso ao céu é incerto
A brandura do morto é a calma
Água benta não salva
No purgatório não vive a alma.
O fogo aquece
A morte anoitece
O dia nasce
A tarde é tristonha
A noite entontece
A vida é risonha.
O ar esfria
A tristeza do poema
Quando chegar o fim
Quando a dor persistir
O poeta irá sentir
Que há presença na ausência.
Quando o mundo acabar
Quando tudo escurecer
Quando o nada existir
Haverá uma certeza
A beleza do renascer
De um outro Ser.