Dialética Da Cura E Da Emoção

Tu que criastes cometas, a maçã

Verde, a flor o broto e o botão,

As estrelas sistemas solares e os

Universos em expansão. Criaste

As leis e os mistérios infinitos.

Podes também curar-me dessa

Cultura troglodita, desse plexo

Complexo de códigos padrões

Tu que fizeste acontecer estrelas

Sois e Constelações, vias-lácteas

Montanhas, rios, mares, vulcões

Cure-me do DNA de minha fome

Minha família, suas convulsões

Cure-me de suas taras, de seus

Carmas seus horrores que mais

Parecem não ter fim. Cure-me da

Sociedade secreta, dessa política

Funesta. Desses rituais de cantorias

Sertanejas, dessas boates cheias de

Rock, drogas e cadáveres. Cure-me

Da dor de não ser Eu, de viver como

Se fosse um ateu em busca de Deus

Que me valha. Cure-me de minhas

Infinitas sequelas de batalhas, de ser

Um guerreiro que nunca se cansa de

Vencer a busca por migalhas. Cure-me

De ser uma estatística nesse plano de

Gusanos do desenvolvimento econômico.

Cure-me das mentiras rituais dos poderes

Constituídos. Da safadeza inominável e

Infinita dos 3 poderes políticos. Cure-me

De minha saturação pela convivência com

Essa falta de vergonha, com a palavra e a

Peçonha de meus conterrâneos de geração.

Cure-me das leis da dialética e da cultura

Do desejo e da usura que infinitas, fazem

De mim escravo do começo, meio e do fim.

Cure-me do líquido amniótico, de nascer do

Ventre materno, de viver entre chimpanzés

Cheios de carências fundamentais e filhotes

De gorilas aos quais tenho de chamar: irmãos.

Cure-me do medo que avassala os enredos

Desses filmes e novelas para entretenimento

De cabrões. Cure-me do vício de apostar na

Sorte, da matéria negra da vida que conduz

À repulsa atroz de uma rotina à espera dessa

Menina de gerência incansável das gerações:

A morte. Cure-me de uma adolescência de

Penas e carências à qual a vitalidade da vida

Se dobra. Cure-me de viver de esperança e

Fé no pé na tábua dos piratas que me fazem

Caminhar na prancha sobre águas infestadas

De tubarões. Cure-me da maçã e da pera e da

Infinita besteira que ensinam os programas de

Educação. Cure-me da eterna caducidade

De todas as coisas que envelhecem. Cure-me

Da possibilidade de viver a terceira idade

Como se esta fosse uma merda. Cure-me de

Caducar no devir transitório, de me ajoelhar

Nos oratórios das igrejas, confessar pecados

Inexistentes e culpas que não me pertencem.

Cure-me desse poder político que fixa um

Estado definitivo de contas a pagar em troca

Desse absolutismo a que denominam

Democracia. Cure-me de ter de votar nesses

Canalhas e aceitar suas safadezas como se

Fosse parte dessa dialética sacripanta que

Vive de prometer mudanças que nunca vão

Acontecer. Cure-me desse sistema de conflitos

Caducos que enriquecem os políticos corruptos

E os protegem da lei como se eles fossem a grei

A quem supostamente devo respeito e voto em

Dia de eleição. Cure-me de gastar a madeira das

Árvores em extinção nos caixões de defunto

Onde os credores cobram a intimidade com os

Vermes. Cure-me de apodrecer alimentando as

Sementes de uma vida que não viveu nem teve

Tempo para outra coisa que não fosse alimentar

A febre do mercado de consumo. Cure-me Sr.

Do masoquismo de deter minha evolução anímica

Física, psicológica, espiritual, em nome de uma

Educação para a sordidez e a usura intelectual.

Cure-me de ser mais um trabalhador da marcha

Desse progresso no qual as uvas sempre estarão

Verdes e o azeite batismal sempre abençoando

Com seu sal as testas de crianças e vidas sempre

Indefesas. Cure-me da mecânica desses processos

Kafkianos que servem apenas à impunidade dos

Ministros e de seus ricos cortesões serviçais

Incansáveis da morte por excessiva exposição à

Desonra. Cure-me da proximidade com esses

Incansáveis fãs das sexualidades alternativas

Que se glorificam por ser bissexuais, trissexuais

E outras banalidades que se dizem naturais e

Nativas. Cure-me Senhor da reciprocidade

Dramática com a intenção dessa mecânica da

Máquina que divide a espécie sapiens em classes

Para melhor tirar dela todo o proveito dinâmico

Da demência subordinativa. Cure-me desse ciclo

Vicioso, dessa lei do eterno retorno ao solipsismo.

Sem querer, de modo algum, desvalorizar o estar

Apto ao exercício da solidão. Cure-me das gosmas

Cosmogonias e seus deuses que querem explicar

O movimento do sol em direção ao ocaso. Ele não

Precisa de explicação. Cure-me das estéticas

Naturalistas que, tendo em vista esse tipo de

Noção, raciocinam quando deviam simplesmente

Fruir e estar nessas forças opostas que afirmam

A negação. Para que a galinha se torne outra no

Pintinho e os pintinhos se tornem cabrões.

Cure-me senhor de ser outro membro da

Família das galinhas dizendo amém ao

Capão ou ao galo doador. Cure-me da

Aceitação da dor até a próxima ninhada

De ovos que darão início à mesma final

Idade das finalidades mesmas sem fim.

Cure-me Senhor do reinado da ignorância

Da aceitação dela como se fosse produto

De uma cultura de sábios. Cure-me de

Desistir de achar em toda essa miséria de

Moral e filosofia, O Caminho para minha

Evolução. Cure-me da afirmação e daquela

Negação que não me conduz a lugar algum.

Exceto à mesmice de uma mudança sempre

Para depois, a exister apenas nas promessas

Das políticas. A mudança é a solução do

Conflito que se dilui na aparência da coisa

Prometida. Cure-me de acreditar na eterna

Passividade da vida com a bunda colada com

Bonder na sala de jantar dos produtos fabricados

Para sucatear minhas emoções, minha vontade e

Estacionar a minha mente em processos de

Empatia carentes: me destinam a permanecer

No limbo demente da espécie sapiens/demens.

A natureza muda quando se torna outra coisa

Cure-me Senhor de mudar para retroceder

E distanciar-me da intimidade de minha

Evolução. Regredir não é evoluir. Senhor,

Que eu jamais esqueça que evolução não

Precisa nem deve se confundir com regressão

Biológica, intelectual, mental ou da emoção.

Cure-me da morte, de sua infinita avidez

Por todas as formas de vida e de ação.

DECIO GOODNEWS
Enviado por DECIO GOODNEWS em 02/02/2013
Reeditado em 02/02/2013
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