Biografia do medo
Em sua gênese o lampejo
O vulto envolto ao parido
Cresce anexo à descoberta
Total cúmplice do desejo
Embrenha-se à ousadia da inocência
E na fase da desobediência
É quando às escondidas
Foge do castigo, que de tão antigo
Dá mãos à palmatória
Pois a oratória não se faz eficaz
Ao se unir ao abuso
Fica em desuso
Pois seu fiel escudeiro,
O bom senso, grande amigo,
Não se sabe o paradeiro
Quiçá saíste a flertar
Algo novo a buscar
Mas a mente que te pertence
O ser que te controla
Ainda é seu hospedeiro
E não vive sem...
Controversa é sua intensão
- com ímpeto questiona a coragem
Da antipatia que tu crias
De certo, se vê vantagem
Para ti, indispensável
Para o culto, pusilanimidade
Para o ser, um sentimento
Para o herói, tu és covarde
Fato é que nenhum ser lhe é alheio
E para que não haja constrangimento
Pare e pense um momento:
O medo bebe do seu próprio vinho
Tudo flui a um só caminho
Quando a morte bate à porta,
Como um pássaro em revoada,
Do ser que te acolhe
Roubando-te tua morada.
É quando o medo esmorece...