QUE BENÇÃO POETAR!

Bem, quando nasci me disseram

Foi uma profecia?

Uma maldição?

Uma benção?

Falaram bem assim:

─ Vai ser poeta.

Arrebentei o peito

Achei no mundo um mundo de defeitos

E ao mesmo tempo o amei tanto

No riso e no pranto

Andei no fio da navalha

Na corda bamba

Nas linhas retas

Nos círculos

Nos semicírculos

Mandei beijos para a lua

Perambulei noite alta pela rua

Dormi nua

Arranhei paredes caídas

Dei belas gargalhadas

Contei piadas

Eu me achei tão estúpida

e tão esperta

Fui clarividente

E no clarão da aurora eu me fiz tão corajosa

Eu me busquei no fundo de mim e me trouxe para fora

Deixei a poeta falar, gritar...

Deixei-a livre, para poetar...

SONIA DELSIN
Enviado por SONIA DELSIN em 20/01/2013
Código do texto: T4094677
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