RENOVAÇÃO ESPIRITUAL
Andei por mundos estranhos
Feitos de quimeras
Eram outras esferas
Lá murmuravam seres celestes
Tinha consciência de que estava vivo
Mas meu corpo estava inerte
Eu estava imerso noutra dimensão
Flutuava sem o peso da gravidade
Não via com os olhos mas com a imaginação
Nada me oprimia não existia cedo ou tarde
Uma sensação de paz me invadiu
Em mim não mais corriam suores
Nem sangue nem sequer tinha a sensação
Do choro porque lagrimas não havia
As vibrações de meu pensamento
Variavam nas cores ora era rosa
Outras vezes laranja nada parecia pardacento
Sentia-me como um centro de emissão
E recepção estava totalmente invadido
Por uma comunhão de egrégoras divinas
Emanações de musicas gregorianas
Fulguravam no meu centro cosmico
Agora me sentia livre como que extirpando
Toda a crueldade da individualização humana
Sentia-me pleno algo impronunciável para os lábios
Nos arautos da eternidade não há começo nem fim
Nem o peso do destino que palpita na noite infrangível
Dos astros cintilantes que se prosternam
Diante da aurora e de sua décupla coroa
Evaporam emanações ilegíveis para os olhos
Uma benéfica doçura toma conta do espaço
Cinge o ar com fumegante perfume de iguarias
E ambrosias deliciosas dos deuses encantados
Essência de jasmins me tiram da sombra
Que estava adormecido na cruel nódoa da mancenilheira...
De repente pareço cair num poço
Sem fim tento segurar-me em algo
E numa brusca queda abro os braços e as mãos
E a nada consigo me segurar e em inversão volto ao meu mundo
Acordo no meu corpo entubado em extase profundo
Na cama da CTI estava em coma
Interrompido havia sido
Os influxos de minhas premonições
A escura desilusão
Gritei interiormente
Senhor livrai-me dos meus inimigos
Rei clemente salvador do mundo implorei
Estejas sempre comigo meu pai e salvador
entre mim e meus inimigos para defender-me
Neste ínterim entre os espaços dos meus rins
Eu estava funcionando e regulando como asas de serafins
Entrementes nós fazemos a porta do nosso céu interior
E o amor é a mão que nos faz pegar na maçaneta da porta celeste
Quando você se ama tambem ama a nossa vida atemporal
Que reside dentro dos outros qual roseiral que de pétalas se reveste
Voltei ao peso da vida e das entranhas dos caminhos
Com o escudo de diamante do perdão
E junto às flores que percorrem o chão sem espinhos
Inalo o oxigênio que me mantém preso ao meu colchão
Do qual sairei deste casulo como borboleta voando forte sob granitos
Pelo azul pardacento dos pergaminhos não escritos...