Estátua da sala

Estátua da sala

Muito antes dos avós de hoje nascerem,

a estátua já existia, possuía forma.

E sobreviverá a mim a pequena peça.

Nos apertados poros do bronze o tempo

parece não penetrar. A meu corpo

quente, mole e poroso, quase vazado

(acrescente o desejo que o alucina e

o desespera), o frio metal informa que

quando a terra transformada em sol a

forma vista deformar-se-á derretida

deixando de ser estátua. Isso que

confere uma só ação aos dois braços

não haverá mais, cambaleante centro

do sujeito se diante do firme enfeite sem-

vida da sala. Não sobrará então nem um

resto disforme do que um dia fora um

maciço soldado moldado, pois não existirão

mais a palavra, necessária ao sentido; o espaço,

necessário à forma; a memória, necessária

a todo tempo anterior a cada instante.

BHChads
Enviado por BHChads em 14/01/2013
Reeditado em 21/01/2013
Código do texto: T4084944
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