SOLFEJO
Seja nobre o pedaço
(do aço desse traçado)
que corrói e alimenta o tempo
(preso ao piso que prenso)
macerando o cansaço
(carcereiro do momento)
que ata e desata os passos
(libertinos sem tormentos)
Seja sobre o cascalho
(do limbo no ato falho)
ou que seja no riacho
(onde deságuam pensamentos)
lá no cume, acerto ou lapso
(voejar de sentimentos)
no coito do colossal pecado
(alimento e passatempo)
Sejam os solos grãos e pós
(brados que libertam a voz)
fragmentos de ouro e prata
(luzes que a retina capta)
e retrata muda, à sós
(nas vigas que equilibram os nós)
dos pilares d’uma causa.
Seja o norte rumo certo
(seta que aponta o verbo)
ao peregrino que não cansa
(trajado de força e gana)
solfejando notas em versos
(espargidas no universo)
despertando nova esperança.
JP07012013