Dizem que sou poeta
Não me queiram tanto...
Um versejador, diria.
Mais ainda: um fingidor.
(Como bem definiu o grande Bardo)
Pois chego a fingir que é dor,
a dor que deveras sinto.
Apenas converso, com versos, em versos.
Tentando me expressar, tergiversando às vezes...
Daí se explica minha mania de ficar olhando para o céu,
mirando as estrelas, desejando ter asas,
rascunhando meus versos.
Sentindo, desnudando os sentimentos.
Tentando aplainar o caminho pedregoso.
Um garimpeiro das palavras,
que busca incansavelmente o ouro,
ou uma gema preciosa no veio do terreno íngreme,
no lodaçal das indigências,
Poeta! Um ser estranho.
Mas há algo que o difere dos demais:
a extrema sensibilidade.
Se perde o teto, ganha as estrelas.
Se perde o chão, permanece no limbo,
ainda que momentaneamente.
E uma vez reerguido, alça-se às alturas novamente.