À beira do abismo da metafísica
Os pandeiros tocam na estrada
Você não quer pensar em nada
Já se desfez de qualquer moral
Não precisa nem mais de dinheiro
É tudo mentira, construção social!
Você grita: übermensch!
O barulho continua...
Um dos pandeiros pergunta
mas você só escuta
zumbidos: sch sch sch...
É noite de lua cheia
Momento perfeito para amor
A la gonorreia
O tambor toca...
Tum tum tum
Ad infinitum!
Já fomos de tudo
Todos e nenhum.
Mas você só grita: além - homem
Já tá sem qualquer vitém
Mas ´pode se orgulhar de sua sobriedade
que às outras pessoas não convém
É para você das formas ideais a mais ideal
A meta a se alcançar num universo randômico
E nesse pensamento platônico
Passa de ateísta a metafísico.
Você está mais para Nietzsche, Foucault e freud
Não lhe serve uma natureza transcendental
É atomista, materialista, secular!
Kundalini? Que bobagem.
Só lhe vale o método científico
Mas nessa aleatoriedade banal
Escolheu a forma IDEAL
Além - homem, além - homem
e brincando de alquimista
procurou a pedra filosofal
Ecos gritam-lhe:
Atomista, materialista, secular!
O tambor está de novo a tocar
Tum tum tum.
Com um pensamento cartesiano
Se despede das coordenadas
E pensa noutro plano
no universo cíclico faz sua morada
A voz se cala no escárnio
E no discurso metamórfico
Se sente confuso e vazio
Pela manhã sente o sol
E à noite só sente frio