FLORES NO CHAO
Agora que me calei
Que minha voz não se faz ouvir
Meu grito não mais ecoa
Vagando cego, sem ter onde ir
A minha prisão agora não tem grade
Sinto o peso dos meus atos
E a consequência de própria verdade
Os medos e pesadelos se tornaram fatos
Vejo um vaso com flores no chão
E as vezes o cheiro delas
No meu apertado colchão
Queimando o aroma de velas
Então nada parece ter sentido
O mistério da morte já não me fascina
Não me sinto renascido
Não vejo luz, nem túnel, alguém espia da esquina
Vagando observo o céu sem cor
Pessoas tristes compartilhando da mesma dor
Os olhos sem vida transbordam rancor
E o sofrimento é a companhia.. ao meu lado onde for
A dor impede o processo de arrependimento
As folhas são secas
Mas não caem, não tem vento
As rajadas de culpa parecem facas
Meses já se passaram
Em menos de um minuto
As feridas não fecharam
Não tenho brilho, sou só um vulto
A sede agora castiga
Lembrança da minha vida é o que resta
A voz da consciência é a única cantiga
Gemidos amontoados, esta é a festa
Ainda ter esperança é o que faz suportar
Se for verdade, ainda há saída
Se for sonho, há como acordar
Se não estou morto, é porque ainda posso ter vida
Se me sinto sufocado, é porque quero respirar.