A POEIRA E O VENTO



Na rua dos ventos
onde as borboletas abrem suas asas
Aprecia-se cada momento
Que se desprende daquela casa

Onde a paz de uma folha branca
toma formas de uma flor e renasce da luz
Surge das frestas abertas que arranca
Aos olhos de um brilho que reluz

Desnudando restos de tempestades,
sinto os sete fôlegos do crepúsculo
E tudo se dá e se vê em tal intensidade
No formato que toca até nos músculos

Envolvendo o mundo e decifrando seus segredos.
Nesta rua diminuta e empoeirada
Comovendo a face e retirando-lhe o medo
Que estancava o sorriso escondido

Indiferente ao tempo onde as nuvens
recolhem seus apetrechos e seus trovões austeros
Dissipando os ares soturnos que entretém
Os humores repentinos e noturnos

Surgem sonoras notas de saudade em redemoinhos vermelhos
De uma poeira triste e pegajosa
Lacrimejam dissonantes sob a imagem no espelho
Dos descortinos dilacerantes das invejosas

Recobrindo a carne nesta planura
Onde o fluxo e refluxo do amor se faz ausente.
Trazendo à tona resquícios de doçura
Que a alma depura e se faz presente

Mas os gritos e as risadas ainda ecoam pelas calçadas
resguardadas pelo limo
No ladrilho surge e desponta a flor despida
Abreviada nesta chuva de versos sublimes

Salgando passos e consumindo distancias
Alimentando casa/bocas, famintas de todo beijo
Que incendeia e permeia nossas consciências
Na forma musical do choro de um solfejo

De toda ternura e de todo amor,
Porque naquela rua e naquela hora
Lá já é possível poder se depor
Para que a dor vá logo embora...

Tudo era lícito, inclusive viver e amar.

Duo: Luciah Lopez e Hildebrando Menezes
Navegando Amor e Luciah Lopez
Enviado por Navegando Amor em 13/12/2012
Reeditado em 13/12/2012
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