Limite de sonhar

Um portal, frio e ventoso

Se abre em minha mente dorminhoca.

Me vejo suspenso em lâminas e fios seboso.

Num leve ensaio de corpos e cenários, ilhotas.

Fácil decalque que rabisco momentâneo.

Artistas de genuína beleza invejável.

Nesta dramaturgia de texto errôneo.

Nossa fala gaguejada se torna palpável.

De fronte a mim, gestos dialogantes.

Cenas de duvidosas faces de palco.

Românticos, intérpretes viajam avante.

Carismáticos e trágicos descalços.

Numa luta de fruto e imaginação

Distingo torres e rainhas.

Tabuleiro de corpos em ação.

Descarto somente as dores, minhas.

Nada de novo surge no momento.

Jaulas e idéias em mármore

Prendem aquele aflito tormento.

Confundo aplausos com pesadelos de árvore.

A noite repousa em descanso.

Adormeço sem saber do travesseiro.

Em breves e sonolentas barreiras de balanço.

Vai-se em bocejos nosso encontro rotineiro.

Abaixo dos panos do desejo.

Na madrugada a avançada lógica fura,

E entorpece sem cicatrizes, sem atores afrescos.

Amenando a fama serena que tanto dura.