CORPOS EM XEQUE
Tudo amadurece
Cresce
Transmuta
A vida é assim
Casa separa supera sutura
Chão batido de piçarra
Andares mais altos
Muros e alturas
Peles e rasuras fissuras do tempo
Fazemos parte dos guetos
Jogos de cintura
Caminhos secretos
Edificações de concreto
Cheiro de fritura no ar
A alface entrincheirada
Envergonhada vegeta
Entre as bolas da carne engordurada
Um celular que toca sem parar
Um novo par partindo de algum lugar
É só alugar o tempo na orelha e se colar
Vamos sim ficar trocando letrinhas sem parar
Encontrar nossas afinidades
E as coisas mais efêmeras
Parte daí nossa realidade
Um beijo rola sem santidade
Uma cola nos dedos descola
Cadê o tempo que nos falta
Vamos à escola sem escolta
Me solta da prisão quero o beijo
Incontido preso na garganta
Com gosto de fanta menta cigarro e guaraná
Quanta onda no teu corpo a mergulhar
Quero o doce aroma do teu chiclete
Deixa eu roubar de tua boca
Esta bola que dentro de mim mexe
Remexe na língua o teu queixo
Teu beijo por um queijo cheddar
Deixemos tudo de lado
Só vivemos um dia por vez
Eu sou o galo pedrês
Vamos nos amar antes das três
No intervalo da merenda e zás-trás
A gente acende o cachimbo da paz
A vida é este jogo de xadrez
Estamos em xeque neste mundo fugaz...