CORPOS EM XEQUE

Tudo amadurece

Cresce

Transmuta

A vida é assim

Casa separa supera sutura

Chão batido de piçarra

Andares mais altos

Muros e alturas

Peles e rasuras fissuras do tempo

Fazemos parte dos guetos

Jogos de cintura

Caminhos secretos

Edificações de concreto

Cheiro de fritura no ar

A alface entrincheirada

Envergonhada vegeta

Entre as bolas da carne engordurada

Um celular que toca sem parar

Um novo par partindo de algum lugar

É só alugar o tempo na orelha e se colar

Vamos sim ficar trocando letrinhas sem parar

Encontrar nossas afinidades

E as coisas mais efêmeras

Parte daí nossa realidade

Um beijo rola sem santidade

Uma cola nos dedos descola

Cadê o tempo que nos falta

Vamos à escola sem escolta

Me solta da prisão quero o beijo

Incontido preso na garganta

Com gosto de fanta menta cigarro e guaraná

Quanta onda no teu corpo a mergulhar

Quero o doce aroma do teu chiclete

Deixa eu roubar de tua boca

Esta bola que dentro de mim mexe

Remexe na língua o teu queixo

Teu beijo por um queijo cheddar

Deixemos tudo de lado

Só vivemos um dia por vez

Eu sou o galo pedrês

Vamos nos amar antes das três

No intervalo da merenda e zás-trás

A gente acende o cachimbo da paz

A vida é este jogo de xadrez

Estamos em xeque neste mundo fugaz...

Jasper Carvalho
Enviado por Jasper Carvalho em 03/11/2012
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