MOEDA DOS DIAS

Amanhece,

e algo em mim esmorece.

Já nem sei se corro...

ou se recorro.

Busco o sol,

mas certa indiferença parece

não me aquecer.

Me consolo.

Afinal,

não optei pelo bloqueador solar?

Fui obrigada,

mesmo na manhã ensolarada!

Respiro fundo.O ar não vem.

Tiro a solidão do bolso,

(Quem sabe...)

e jogo-a pela janela.

Tento de novo.

Olho a criança ao lado,

neste asfalto gelado.

É tão pequena...

Sinto tanta pena!

Sorrio-lhe ...apenas.

Puxo o ar.Não consigo.

Mas prossigo.

Ligo o motor,

Fecho os olhos

e acelero.

Não é o que quero.

Mais dióxido de carbono

rachando a camada de ozônio.

Também me racho mais um pouco!

Sou conivente.

Mundo indecente!

E isto me mata todos os dias.

-Quanto é?

Meto as mãos no bolso.

Tento pagar com poesia...

É a minha moeda dos dias!

E isto me alivia.

Assim não me sinto explorada,

E nem tão sufocada.

Mas já é outra madrugada?

E aqui...ainda me percorro...

embora sem saber se corro,

ou se grito por socorro...