Bebi as Estrelas
Bebi as estrelas
e saí ébria a rabiscar o mundo.
Cambaleio nos versos dela
Fico em seus rabiscos inebriado.
Entornada em pranto líquido,
a minha face
Enrubesço assim comovido
Querendo logo o enlace
O vento acariciava,
os meus cabelos
de repente,
transformados
feriram as pontas dos dedos.
Que dela já se pré-anunciava
Arrepios dos pés ao cerebelo
Diante do encanto que salva...
Sinto seu misterioso espanto
Viajei na madrugada,
libertei os meus fantasmas,
e encontrei
a magia das mandrágoras,
e quando cortei
as dores pela raiz,
mais alto chorei.
Vim para enxugar as tuas lágrimas
E ver florescer o teu belo sorriso
Já liberta do medo e dos entraves
Preparada para o terno abraço
Aliviá-la e acolhe-la em beijos
Para no meu colo adormecê-la
Com carícias e cantigas de ninar.
Jogada em leitos
de rios de quimeras,
sou afluente de tudo,
é aí que me encontro.
Quero em ti colar meu peito.
Porque minha natureza a espera
Para saciar a tua seca sede
De ternura e sonhos de amor
Devoro as flores
antes dos frutos.
Sou ave,
e aspiro o pólen,
e sorvo o néctar.
Meus dedos ávidos
Buscam pelos teus segredos
Quero sentir seus lábios de mel
Adornar essas tuas penas
E levitarmos juntos aos céus
E dos gritos doridos
eu preencho
os meus ouvidos internos.
Sussurrar-lhe pelos tímpanos
A música composta no meu íntimo
Dissipando todas as tuas tristezas
Dúvidas, temores e incertezas.
E nas línguas de fogo
do lirismo,
eu me queimo.
Vou amalgamado de fio a pavio
Ao calor efusivo do seu poema
Ancorado e feliz ao teu navio
Para ouvi-la dizer-me...
Bebi as estrelas!
Duo: Maria Flor e Hildebrando Menezes