Os eus em mim

São tantas as verdades sobre mim

Refletidas em espelhos d'águas

Esvoaçadas em ventos uivantes

Nos vincos das folhas...

Talvez eu mesma não saiba reconhecer ás vezes

Aa multiplicidades implícitas

Latentes em mim

E siga então esbarrando com tantos eus

Brincando de vida

Rindo pro mundo.

Fiquei com inveja

E saudades deles...

Há um tempo atrás,

Eu já fui

E não sabia que era:

LIVRE.

Quanto mais centrada eu fico

Mais me perco

E não lembro muito bem

De tudo aquilo que eu era

Sou daqueles seres livres

Que quando engaiolados perdem o brilho

E o prumo.

Ando meio passarinho triste

Cantarolando reminiscências

De mim mesma

Com um tanto de esperança

De ser de novo

O que era.

Me castraram e eu não sabia

Então fui vivendo a vida,

Dessa forma rotineira

Que não anima,

Não dá tesão!

Quando o universo só cabe numa casca de noz

Nos livros de Stephen Hawking

Eu preciso mesmo de um tanto de caos

Para viver,

Remexer,

Sacudir,

Essa explosão vulcânica

Que mora aqui dentro

Meus eus andam me chamando,

Ai que tentação louca,

Vontade maluca,

De sair correndo

E vivendo com eles!

Clarice Ferreira

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