Eternizada
Poucos entendem
O que escrevo
O que calo
O que falo
O que invento...
Alguns acham bobagem
Tanta versatilidade
Muita imaginação!
Uma pitada de tolice
E outra de solidão
Falta do que fazer.
Mas eu lhe digo
Meu caro amigo
É assim a minha verdade
Hora sou simétrica
Com rimas, com métricas
Retinhha, comportada
Outras nem quero saber
Só começo a escrever
A pensar e a fazer...
Sem muita concentração.
Se deixa de ser poesia?
Se perde a graça, o encanto?
Nem me importa agora.
Sei que sendo eu assim
Tão mutável, meio torta
Alguém gostará de mim.
E os meus erros serão acertos
Meus defeitos, perfeitos
Minhas pontas encaixadas
Seremos como dedos
Das mãos que se entrelaçam
Nos moldes imperfeitos
Seremos duas falhas ajustadas
Incongruências harmoniosas
Orquestras desleixadas
Seremos um Carnaval
Eu sei que ele virá
E tudo que estiver sem par
Em mim, se tornará plural
Meus quases versos
Serão adestrados
A minha poesia se concretizará
Dando sentido as minhas linhas
Quando ele chegar
Não teremos mais fim
Seremos eternas
Eu e a Poesia.