Longitude
De longe... Bem lá no fundo da alma...
Contemplo a paisagem que se descortina
O silêncio então vem me purificar e acalma
Percebo as mutações dentro das retinas
Do gosto que muda de quando em vez.
Uma voz suave me acaricia com o vento...
Calma! Não se apresse! Espere por mim
Sussurra baixinho em meus ouvidos atentos
Então sou nutrido e a poesia nasce assim
De novo e sempre em versos um carinho se fez.
Ainda me diz: Não vale a pena sangrar por sangrar
Crescer de véspera... Enfiar a cabeça na terra
Como faz a goela da pobre e faminta avestruz
Veja, sinta, contemple o bailado das garças...
Há que se encorajar e fugir diante das palmas
Há de se lembrar de rolar um pranto, enfim...
Porque a lágrima límpida é benta, santa e purifica.
Mas, não permita a desolação que te leva ao fim.
Sintonize as ondas que vibram e a tudo amplifica
Lá do fundo vem à voz: Não durma antes de sonhar.
A vida é alguns milhões de novos começos
Tecidos, cingidos, retorcidos, sentidos, movidos...
Não há que se acelerar a natureza em seu processo
Observe mais as ondas e o fluxo e refluxo do mar
Pelo sublime e árduo desafio de viver...
Aqui, bem cedo, desperto ao ouvir o alvoroço.
O frenético chilrear dos pássaros no arvoredo
E só então percebo e vivo os meus começos
Que meus desafios não são assim tão segredo
Que tenho pela frente... Os morros que subo e desço!
Duo: Fall & Hilde