UM SONHO
(Ps/154)
Sonhei, no sonho, que era poeta e quieta
Vi o nascer do dia, crescer a luz e o sol morrer.
Aguardei o mar se recolher em calmaria,
Desta feita vi que ele não o fazia porque não podia.
Mergulhei fundo em mim e o olhar se estendeu
Secretas visões eu tive e pensar estive além e via
O homem e o mar num diálogo, secreto, transcorria
Sentado na pedra, só, ele e o mar duplamente sorria!
O velho barco, fatigado, seco no aguardo, estava
Duro, empedernido na areia, desbotado pelo tempo
Agora ele também presenciava lento e atento via
A vida a que se resumia, homem, mar e ventania!
Eu desta vez queria acordar e partir e não podia...
Via que o mar não se recolhia que o homem olhava
O barco cansado e velho aguardava e o vento soprava
Olhei para o céu e vi que a natureza comigo, interagia!