VISUAL
Cabelos impecáveis em cachos dourados
A cada dia um novo penteado
E lá vou eu em pensamentos mil
Negra nuvem tempestuosa
Esvoaçantes fios sedosos
Da mais refinada deusa das letras
Que nos acaricia em versos
A poesia que lhe sai da alma
E como é belo contemplá-la
Assim na exuberância elegante
Da mulher-fêmea que transcende
Que dá para as janelas de minha alma
E chove chuva derretendo plúmbeo céu
De coração magoado que despedaçado
Dói por desregrado amor
Suas palavras bafejam minha mente
Na intensidade doce e cálida
Que me acaricia... Toca fundo
Dos brincos e colares joias raras
Há lápides de muitas amarras
No rosto de semblante mítico
A máscara disfarce de um riso
Estampa a maestria da pujança
Beleza rara que beija e avança
E se recolhe no silêncio que purifica
Suas mensagens a tudo desmistificam
Um colo frio, mais parece um palco
Intocável, vazio, sem plateia
Mãos finas, aparentes delicadas
Incapazes de ler as próprias linhas
Embutidas na insegurança
Corpo perfeito por aí afora
Desfilo pela vida
Povoando pensamentos que calam
E ao mesmo tempo inflamam
Amaciam a pele cansada
Que transbordou da labuta
Surge uma coragem adormecida
Que pulsa e expulsa
As vadias perfídias
Oca oca oca vida
Quer preencher as lacunas
Na estrada íngreme das heroicas rugas
Querem olhar a realidade nua e crua
Enfrentar com destemor à luz
Para aquecer-me o interior
Desnudar-me diante do próprio EU
As previsíveis marcas vêm surgindo
A ilusão das aparências evidentes
Eu preciso livrar-me dessa sombra
E trazer à tona o brilho do meu SOL
Assim vou me reconhecer de corpo e alma
Na frente do espelho...
Duo: Graça Campos e Hildebrando Menezes