CONCHA
Sede intrusos em terra estrangeira
fruto levado pelo mar ao seu bel sabor,
núcleo por onde ressoa a esperança,
refúgio solitário de cada dor de amor.
Sede como definitiva e ultima morada,
despertando com o ritmo das ondas a quebrar,
na orla de praias de sonhos e utopias,
desvendando mistérios do verbo amar.
Sede barco que espreita a noite densa,
a contemplar o brilho único de cada estrela,
e das curvas sinuosas d'alguma ilha deserta,
sede a paixão incendiária e efêmera.
Sede ainda a fêmea,o verso e a rima,
Dia que se consome inteiro ao calor do sol,
E chuva que cai dançando,feito bailarina
Pelos vossos beirais, das sendas e arrebol.
E alimento desejado e tardio,
brinquedo de criança em castelos d'areia,
o curso manso d'algum esperado rio,
seio moreno e farto de sereia.
Sede esponja a absorver o eco do mundo
qual objeto errante que o destino arremessou,
às revoltas ondas de mares inconstantes,
refletindo vida e pedras no seu fundo.
Sede somente concha de sentimento e calcário,
E compreendereis enfim quem sou...
MARCIA TIGANI_ SETEMBRO 2012
MARCIA TIGANI