VERSOS RÚSTICOS
Juliana Valis



Sei lá o que pode ser precisamente verso,

No átimo que enobrece a alma,

O fogo aquece o vento no amor disperso,

Além da ilusão que sempre nos acalma...



E, ainda assim, não sei o que é inverso

Da dor, no êxtase que a cor nos traz,

Só sei dizer que todo este universo

É miniatura de um amor voraz

E tão loquaz que nem sequer flutua...



Sei lá o que quer que seja sol, ou lua,

Não sei, nem quero saber, de fato,

Se o verso é luz que sempre me insinua

A rir da rua, então rirei bem alto...



Ah, mas tanto choro no sangue mais incauto,

E tanto sofro sem saber de onde

Vem esse amor que aquece até asfalto

No cimento da emoção que sonde

Meu sentimento a verter da alma...



Sim, o verso é sonho que nos acalma

É sentimento vestido de noite

No afã de ver a letra que nos açoite

E nos prenda ao coração, na palma

Da mão intrínseca às emoções de outrora.



Sem perder a hora,  o que é precisamente verso,

No átimo que enobrece a alma ?

Se o  fogo aquece o vento no amor disperso, 

Onde está a ilusão que sempre nos acalma ?