Adormecer.

Tenho na ponta dos dedos o meu mundo

E explodindo no peito o coração ardente,

Essa é minha sorte:

Desperto de dia, adoeço à tarde,

e à noite, minha morte é pulsação transcendente.

Nos lençóis que me abraçam, adormeço

Esquecendo os nós, prós, após.

Num momento de sono profundo

É que aperto com garras firmes meu mundo,

E estou com meu coração a sós.

Morri ontem, mas hoje acordei,

E o dia me pareceu tão mais brilhante,

Que sinto meu coração estar como o amanhã, mas...

Lhe quero tanto como antes!

Vivo, sangrento e delirante!

Hoje à tarde adoecerei,

Preparo então, meu leito e minha sorte,

No fim da tarde minhas garras se fecham

Esperando ansiosa e febril,

Na cama que se partiu,

Agonizando em meu coração, uma nova morte.

Natália Camargo Dutra
Enviado por Natália Camargo Dutra em 02/08/2012
Código do texto: T3809746
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2012. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.