CINCUNCISÃO DA ALMA
A lembrança é a chama de uma vela acesa que nunca se apaga...
E ouve um dia em que a tirania
Virou esta tal de poesia
Clamava nos olhos a verdade
E esta deidade era irmã da maldade
Rios de ódios clamavam pérfidos
Era a rotina dos imbecis
Eis que mais tarde intrépidos
Viravam o pó dos ventos pueris
Não tinha outro jeito
Os que nos envenenavam
Também estavam presos carcomidos no leito
Não podemos chama-los de gênios se eles também se mutilavam
Não tinham amor pela humanidade
Nem tampouco acreditavam em Deus
A lágrima é a esmola da humildade
No berço dos escarnecedores há um Judas beijando o ateu
O amor é prata da casa
Ninguém ao desamor se prende
Mais vale o cetro do que as asas
Para se pensar na morte sempre a luz dos olhos se acende
Não tente esconder-se nas sombras
Terás que sair dela como a árvore da raiz
A grande prostituta tomba
E mostra suas unhas frágeis que caem dos dedos da meretriz
Sentirão nossa falta como pegadas na areia, morrer é circunsição
É caixão que todos põem a mão é arrastão cicatriza a dor e as lágrimas Do mar interior logo nossas carnes dentro deles incólumes se apagarão.