No íntimo da palavra: as quietudes...
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Porque a preciso
eis que diante do turvo
investigo os meus sentimentos,
meus escombros, minha natureza.
Sou pessoa de poucas e muitas palavras.
Debruço-me então sobre o alpendre dos porosos
dos versos esquecidos pela poeira da má lembrança.
Que ousadia! Que má ideia!
E assim no íntimo esquizo da palavra
ou no sopro absoluto que faltou ao silêncio
- aconselho-me com a espera.
Peço perdão às excluídas.
Sou pessoa de gestos medidos,
mas sei que hei de sujar a beleza do verso
se nele nada houver da minha estranheza.
Não darei pontapés nas palavras,
mas usarei do uso o vulgar
e o que for mito da sua verdade.
Do contrário também usarei palavras engraçadinhas,
farei cócegas nas cansadas do gasto:
na barriga de uma, no pé de outra.
Fincarei meus olhos nelas,
tranquilas de minha vida,
palavras refletidas, aqui e ali,
murmurando futuros incertos:
- Viverão sem mim, livres. Ostentando intimidades.
Eu não. Sem pesar a surpresa, sou-presa,
uma ilha, nunca sem elas.
Patrícia Porto