Opção peregrina
 
No cansaço de enterrar meus amores vivos
E de velá-los enquanto murmuram obscenidades
Sussurrando sobre flores, águas e amores vãos
Vou saindo deste tormento em que me olho
Voar deste lamento que me entorna
Que não há mais vazios em que caibam aqueles
Preciosas pedras que obtusamente cultivei
Num susto de mim que já não posso mais
Há logo lá uma leva errante que peregrina
Tudo que é meu em mim está resumido
E se me multiplico é em lugar qual quero
Nada aqui há que me atenha ou detenha
Aquela lágrima que insiste num estúpido bailar
Parceira do riso que lhe faz par permanece e jus
Desenterrei do abismo meu coração inútil
E me embebedei da minha alma perdida
Encontro do acaso em débeis momentos
Reuniram-se em uma festa perdida de despedidas
E por tanto cansaço animou-me traiçoeiramente
De uma forma inexpressiva que me acena
Uma cena reaproveitada vezes demais
Se logo lá andarei ou saltarei pelos ares
Tão pouco importa quanto se já nem sou
E se por juras afirmar-se que estive aqui ou ali
Que se julgue indigno de fé parca ou absoluta
Que ambas são identicamente falíveis
Não haveria motivos para dar por crédito
Sequer perdessem instantes divagando
Possibilidades tão incertas quanto certeiras
Já que nada mais seria que um breve luar
Dentro de uma noite órfã de luzes artificiais
E injusta de doada compaixão cruel travestida
Em busca dos que me assemelho o necessário
Apenas um elo invisível que possa constar-me
Abandono este solo que se profanou por nada
E ensurdeço na distância para lástimas ensaiadas
Não constaria de explicações confusas e obsoletas
Tanto que é desimportante tal perda de preciosidades
Dado o abandono com equidade, a estrada à minha espera
Rose Stteffen
Enviado por Rose Stteffen em 29/07/2012
Código do texto: T3802472
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