COMO VINDES, IREIS...
Como a inocência nos meigos olhares de pura criança...
Como o toque sutil do vento suave no rosto aveludado!
Como a leve brisa a soprar o corpo cansado de retornar...
Como o pulsar de um singelo, aristocrático e liberto coração!
Como essências que expelem as plantas ao florescer...
Como alegrias estampadas na face de um triste palhaço!
Como melancolias retratadas nos olhos sedentos peregrinos...
Como sorrisos escondidos por detrás de máscaras muitas!
Como se perder num embaraçar de pensamentos aleatórios...
Como se vê envolto a um relatar de altivos fatos consumados!
Como se a concessão de mitos misteriosos fossem episódios surreais...
Como se encontrar com o amanhã depois do sétimo milênio!
Como as águas límpidas das chuvas lavam a sofrida face da terra...
Como se não passássemos de pequeninos grãos, como os da areia!
Como as flores que desabrocham para enfeitar os jardins do universo...
Como renascer de um passado a se prosperar aos olhos do futuro!
Como sentir no ar, o perfume dos anjos que virão a nos salvar...
Porém sois vós ou nem vós sereis, mas como vindes, ireis!
Dez-1980