PARTÍCULA PARTICULAR
Há quem conte a dura verdade
De um coração que pulsa forte
E que dentro d’um peito rebate
Se livrando num poder de sorte
Sem temer ao novo tempo
Se protegendo de ares inúteis
Sem consentir sinais no corpo
Se apartando de engenhos fúteis
No entanto não computa histórias
De qualquer ser distinto demente
Incinerando decrépitas memórias
Estranguladas na oprimida mente
Vindo de algum mundo misterioso
Sem divulgar sua deriva sem culpa
Fascinado assim de um jeito curioso
Oportuno impetra ampla desculpa
Àquele que seus passos escoltarão
Conduzindo-lhe os olhos a imensidão
Lacrimejar jamais, jamais pestanejar
Assim sua ilusão sem dor professará
E alargados risos ao mundo proclamará
Editando o semblante no anseio de amar
Amparado após tanta desilusão se dará
Ofertando de si, sua partícula particular!
Autor: Valter Pio dos Santos
17/Mar/1983