Cantares VIII - Ao Senhor dos Mundos...

Tu, que guias a caravana

entre o abissal e o horizonte,

dá-me percepção humana

de reconhecer as fontes...

Tu, que a cada novo dia,

faz das trevas renascer

a luz dos olhos nos meninos

para Te espelhares

em Teu próprio amanhecer

depõe orvalho nos meus lírios

para que se transmutem em círios

quando, um dia,

meu ser anoitecer.

Tu, que divides meus caminhos,

em manhã, tarde e ninho,

dá-me a leveza de Tuas brumas,

para que em mim o amor se resuma

em sempre o coração ascender...

Se minha chama interior

ameaçar se consumir

em orgulho, vaidade

e inquietudes,

lembra-me da Tuas cordilheiras

as altitudes,

para que eu aceite em paz

toda obra Tua que faz

minha pequenez se reconhecer.

Quando a noite negra se revelar

em lágrimas, dores ou desesperança,

segura-me pela mão,

e guia-me até um coração

que ainda me ame como lembrança.

A Ti confio

as asas de minhas palavras,

o som dos meus silêncios,

o curso de minhas lágrimas,

e todos os rostos dos meus pensamentos.

(Direitos autorais reservados - Lei 9.610 de 19.02.98)

Lúcia Constantino
Enviado por Lúcia Constantino em 11/02/2007
Reeditado em 03/06/2011
Código do texto: T377912
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