Somos o que Pensamos?

Estou cansado de viver nesta densa e promíscua escuridão

Irradiada por analgésicos e opiáceos conceituais;

Amigos, família, conhecidos; Tudo são relações virtuais

Que idealizamos em nossos devaneios neste covil de podridão.

É preciso ter determinação e fé para realizar os sonhos?

É essencial criar novos sentidos para o próprio espírito

De nosso ser, a fim de que haja um veraz manuscrito

De todas as lágrimas que cultivam nossos amores tristonhos.

A civilização com suas constitucionais hematoses

Em cada ação e escolha são taquicardias extemporâneas;

A estagnação e a fuga são as sendas neocontemporâneas

Onde os proselitismos são engodos para novas doses...

Clama nos recintos de minha alma um ruído doxômano,

Neste mundo onde Beleza e Aparências são espelhos multifários

Onde se emergem, se divinizam, e narcisizam a tudo estes otários

Que com suas ortodoxias tornam o sagrado em algo profano.

Afaga esta carente, confusa, e disforme alma tua; alma tutelada

Por todas as coisas que conspiram e ameaçam te consternar.

Escarra nos olhos de tua Sensatez que visa te autointernar

Com todos os recursos existenciais a tua inefável alma imaculada.

O que não é Lógico, o que não é racional não faz sentido,

Por tanto tudo o faz sentido é racional, plausível e Lógico!

Todas as Conclusões só provam o martírio do Inaudito

Que é inerente em Tudo, pois Tudo é um deserto simbólico.

Como desengaiolar esta dor inoperável de ser quem tanto se odeia?

Como desiludir esta felicidade ao se pensar que se é quem nunca foi?

O Herói e a Covarde de nosso ser serão revelados no porvir do depois,

Ou nunca saberemos o que a alma deseja ao afundar na movediça areia!

Se Tudo o que pensamos não é capaz de evidenciar nada,

Então "Nada" do que pensamos pode evidenciar a Tudo?

Meu coração acaricia o Desconhecido, e permaneço mudo,

Afinal todos os caminhos não nos levam a nenhuma estrada.

Nosso eu é uma ampla casa engaiolada de labirintos e enxertos;

Ah! Elevados índices de desenvolvimento não reduz nossa regressão;

A Vida é uma taça quebrada de alegorias, e irremediada de consertos;

O Amor e as vitórias são paliativos com que iludimos o nosso Coração.

GILLIARD ALVES RODRIGUES

Gilliard Alves
Enviado por Gilliard Alves em 06/07/2012
Reeditado em 07/07/2012
Código do texto: T3763490
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