Fate

Esgotam-se as palavras,

no brandir enfadonho da melancolia.

Lá fora a cantiga dos pássaros é sempre a mesma,

aqui vou eu esparzindo tracejadas agonias.

A solidão é um tormento que a música acentua

ecoando seus balsâmicos efluvios neste mausoléu que chamo de lar.

Oh doces melodias,oh vozes celestais,

de que esferas vens para consolar-me?

Destas chagas infernais que supuram e porejam varejereiras inocentes

que voam, e voam.

Lá adiante no horizonte longíquo e cinzento posso contemplar,

as silfiades que valsam para saudar o crepúsculo que surge sepultando lentamente a luz do dia que passa, e passa.

Eu,música e pena deslizando,no ar um violino;

em meu peito sombras,sombras retumbantes ressumbram derramando-se como sangue, como a chuva escarlate no papel.

Agora as alucinações, rastejam as ilusões do passado,os espinhos venenosos do passado me arranham,me rasgam...

A carne,o espírito...

Oh noite torturante,

como amo seus caminhos.

Aí vem a Lua e seu cortejo de estrelas,

as messalinas,umas mortas outras vivas o que importa é o teu fulgor.

Será sempre este o meu destino?

Solitária admirar a Lua, com uma pena e papel, um violino dardeja minha paixão,

eu e meu pesar.

Valsas veladas,violinos chorosos

véus de teia,eis aqui tua escrava,oh Lua de prata,vai-te então luz maldita, entrego-me agora a senhora das sombras.