EU FANTASMA
Às vezes me aparecem uns fantasmas,
Almas cansadas da minha.
Nem parece que eu tinha
Um certo medo deles.
Porque pareciam surdos
E em assombroso desalinho,
Mas agora percebo que tinham
Medo do meu futuro descaso.
E não por acaso, agora,
Me deparo com sombras vivas,
Com convenções estragadas,
E outras mal compreendidas...
Falta por acaso à esta vida
Reexplicar aquelas certezas?
Pois de tantas verdades pra natureza
Já rezo pra ter só uma
Que me convença e a toda minha espécie:
As coisas acontecem
Porque deviam acontecer.