MORTE FRIA

Oh, morte fria...
Por que me tentas todo dia?
Será que não vês,
O quanto sofro?

Oh, morte bendita
É chegada a hora
Do encontro marcado
À revelia....

Eu temo não satisfazê-la,
Pois, temendo-a, fujo
Temo corrompê-la,
Pois ainda acredito na vida.

Oh, morte fria...
Por que me confundes?
Navegue mares longínquos!
Ainda tenho um sopro de vida...

Oh, morte fria...
Vai-te altaneira,
Não quero mais a morte,
Deixe-me no abismo da sorte...

Oh, morte fria...
Vá e não olhe para trás.
Lembra-te da estátua de sal
E deixe-me sorver, esse momento!

Que sobrevive...
Na remissiva hegemonia...
A perscrutar
Um novo porvir.

Oh, morte fria...
Deixe-me
E verás
Que foi engano.

Tu me queres
No afã da dor que
Assola e fenece,
meus pensamentos!

Oh, morte fria...
Agora, posso dizer-te:
Serás minha,
Quem sabe, amante...

Porém, casto da tua presença!
Eu, que continuo intocável, frio,
Como um poço...infindo...
De sensações vitais em movimento!

A esperar,
Quem sabe, um dia,
O teu beijo gélido
E tresloucado a me tocar!

E como um casal enamorado...
Em um frêmito d'alma,
Abrir os portais eternos,
A me guiar...

Oh, morte fria...
Espere...
Simplesmente,
A hora derradeira!

Elzana Mattos
Enviado por Elzana Mattos em 13/06/2012
Reeditado em 13/06/2012
Código do texto: T3722503
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