EU SOU
Eu sou povo no meio do povo
Sou partícula e conteúdo
Sou história e enredo
Dele não me separo
e se separasse,
não seria eu povo
Sou, nessa alquimia
que transcende minha existência,
o fraqmento composto
e que se transforma em elemento vivo
Eu sou eu e muitos outros,
e sou, na multidão que avança,
o soldado sem farda e sem arma
Minha farda e minha arma
me identificam no povo que sou
e de braços erguidos,
e punhos cerrados, minha arma de luta
Sou o velho que viveu seu tempo
e a criança que viverá novos tempos
Sou a gestante que traz a esperança
que brindará a existência com novas possibilidades
Sou o machado que corta a lenha
para que se aqueça nas noites frias
Sou a mão sobre a enxada a lavrar a terra
para que o alimento à mesa se sirva
Eu sou o povo no meio do povo,
sou o sertanejo e o sertão,
e também o pedreiro e o pintor
Do jardim o cuidador;
o jardim que atrai a abelha
e o beija-flor
Eu sou o operário na fábrica
e no torno
Eu sou a mão que debulha o milho
e assa no forno
Eu sou eu e tantos outros
Eu sou o povo no meio do povo
e disso não abro mão