PELA ESTRADA DO SOL
Viajei pela estrada do sol
Caminhos dourados de amor
Ainda restavam os pinguinhos molhados e brilhantes
Do orvalho de instantes da manhã fresquinha
Teu rosto eu via nascia dos raios bordados
Que levavam pro alto o vapor das bolhinhas
Que se evaporavam no éter e sumiam no ar
Como gomos de laranjas espocavam no dente
Sem rastros deixar só a lembrança ficava por dentro da gente...
Correndo ia eu pela estrada do sol
E quando de repente eu via ao longe a casinha vermelha
Na rua estreitinha uma brecha uma fenda surgia
Sentava na beira do rio pra ver uma flor que no céu se abria
Pra ver teu rosto de pele de pêssego amarelo encarnado
Tão doce e macio de enxergar me fazia um bem danado
Era o sol que se apagava na estrada crepuscular...
Deixando outros pingos ornados
Eram as miríades de estrelas que ele havia levado
E evaporado das bolhinhas d’água
Que pedira emprestado do orvalho
E pra não deixar um rastro sua mácula
Agora as devolvia espalhadas e pintadas
Esfurancando o imenso queijo negro da noite
Os pontinhos brilhantes como azuis diamantes
Lapidados pela imensidão de sua janela da imaginação
Além da minha percepção e capacidade lógica de pensar
Que nada é aparente diante da lei cósmica...
Tudo é real dentro daquilo que eu havia para sempre sonhado
O teu rosto estará sempre dentro de mim guardado
Como a estrada do sol...