Identidade Imortal

Apiedo-me do verme que roer minha carne,

Transcendental apocalipse traveste o corpo de um poeta,

É inconcebível a desonra do parasita que não tieta

A fecundidade de um talento que prostrou-se precoce ou tarde.

Nos labirintos de uma tumba dorme uma arte recôndita

Que em vida palmilhou os degraus da sensibilidade que depura

Meneios de sabedoria que tornam a vida exuberante e pura

Num constante assédio aos estertores da existência atômica.

A poesia é uma excursão sublime à soberba profilaxia da palavra,

Mesmo adormecido numa sepultura fétida, extensa e larga,

O poeta sobrevive às intempéries inorgânicas porque é imortal...

As vicissitudes da decomposição não diluem o artístico sentimento

Que ronda um universo que se renova com o excelso fundamento

De lembrar que o amor é e será sempre receita única e infinitesimal!

Ivan Melo
Enviado por Ivan Melo em 20/05/2012
Reeditado em 20/05/2012
Código do texto: T3678553
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