Identidade Imortal
Apiedo-me do verme que roer minha carne,
Transcendental apocalipse traveste o corpo de um poeta,
É inconcebível a desonra do parasita que não tieta
A fecundidade de um talento que prostrou-se precoce ou tarde.
Nos labirintos de uma tumba dorme uma arte recôndita
Que em vida palmilhou os degraus da sensibilidade que depura
Meneios de sabedoria que tornam a vida exuberante e pura
Num constante assédio aos estertores da existência atômica.
A poesia é uma excursão sublime à soberba profilaxia da palavra,
Mesmo adormecido numa sepultura fétida, extensa e larga,
O poeta sobrevive às intempéries inorgânicas porque é imortal...
As vicissitudes da decomposição não diluem o artístico sentimento
Que ronda um universo que se renova com o excelso fundamento
De lembrar que o amor é e será sempre receita única e infinitesimal!