Se pela manhã me acordassem cedo
Para ouvir os pássaros cantarem a ave-maria
Creio que minha vida bem cedo mudaria
E a tarde, apressadamente, trairia o medo
Que me vem sem sentir, sem pedir... Vem
A mim ó moribunda mente de sombrio Zen!
Sou o absurdo do confronto dialetal
Mau confessor, professor ideal
Que desfaz o ensino chacal
Que troca o bem pelo mal
Que chora por caso banal
Cal jogada, pá de cal
Que me cobre de sal
Que me batiza de paradoxal!
Vem a mim, ó infortúnio corruptível!
Invisível seguimento social
Crível de semente genital
Sombra de origem profana
Que me engana sem querer
Só porque vê; só vê!
Correndo por sombras vagas
Minhas vagas lembranças
São tranças e teias
Veias no meio do nada
Sou o nada de vida abençoada
Quase por nada chorei!
Eu fiquei enquanto pensava
Enquanto chorava por mim
Que vim sem querer...
Morrer é uma dádiva!
Mas o que é morrer?
Abra a porta da inspiração!
Fale bobagem!
Busque inspiração retrograda
Drogada, impregnada...
E grite bem alto:
Nasci do nada, e para o nada
Voltarei!
É manha e os pássaros
Começaram cantar!
Voam em torno do sol
Eu os vejo nas sombras
Dos arvoredos!
Medo! Medo! Medo!