CEIFADA SEIVA
Há outra estação, cujo trem do tempo
Carrega em teus vagões, mortas e frias,
Toda a melancolia no rastro do vento
Secando a seiva, vazando vidas nas vias.
Folhas secas, brandas almas em retiro,
Brincam no templo das torres celestiais,
Em mantos ares pelos quais eu respiro
A última fragrância vinda nos vendavais.
E, imerso nas dores do caos em delito,
Doo-me aos dias e às noites, em agonia
Tentando voltar ao solo d’onde habito,
Enquanto a morte me busca em tua orgia.
Calaram-se os sinos e tinos de medos;
Afixou-se o horizonte de onde vinha a luz.
Velaram clarões e revelaram segredos
Na órbita mórbida de uma lacrimosa cruz.
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Giovanni Pelluzzi
São João Del Rei, 20 de abril de 2012.