Moribundo
Há um mundo por trás do véu,
só na escuridão posso contemplar.
Corações dilacerados pela perda,
corpos vazios a caminhar sem intento,almas podres.
Existe uma luz que jamais alcançarei,
é a chama bruxuleante dos desejos impossíveis que jamais abandonei.
É fácil se perder nas sombras pois o que sou e minhas cicatrizes estarão ocultas,
para sempre.
Em um dia nevoento de céu chumbo e estátuas amordaçadas morrerei,
partindo sem guia,crucificada e cega estou.
Não creio em paraíso,anjos risonhos e roliços
há muito divido o leito com os demônios que criei.
Do outro lado impera o lamento daqueles atados a carne,
supuram o que lhe resta.
Não há prece,não há sinos para despertar Pedro,
quando o último sopro se vai e a derradeira compreenção se perde,nada mais importa porque chegamos ao fim.