"TEM MUITO, QUER MAIS"
Valdemiro Mendonça.
Minha ganância é uma fome insaciável
Milhões sempre são quantias bem irrisórias.
Minha alma deu-me fortuna incalculável
Vendi-a ao amigo o demônio implacável,
E assim eu mudei a minha própria história.
Pena que foi por um tempo tão pequeno,
Pensei que minha vida seria quase eterna,
De repente um juiz acha que sou obsceno
Tem gente querendo que eu beba veneno
Outro me quebrou um braço e uma perna.
Esta noite eu vi quando entrou pela grade
Uma fumaça cinzenta fedendo a carniça,
Virou-se num moço que ria com maldade
Com voz rouca me chamou de cumpade,
E perguntou se eu já tinha rezado a missa.
Eu perguntei que é que ele queria de mim
Ele respondeu depois de uma gargalhada,
A dívida que lá na encruzilhada do jardim,
Você hipotecou essa alma cruel de Caim
Em troca da riqueza por mim lhe mandada.
Agora vim lhe buscar meu caro cumpade,
E não adianta rezar, pois seu espírito é meu.
Você levou a vida fazendo toda maldade
Não peça agora para que tenha piedade,
Quero o pagamento que você prometeu.
Ele só veio avisar que hoje eu eu vou morrer,
Pois matei quem tinha o nome no meu caderno
Meu dinheiro acabou para tentar me defender.
Vou me enforcar mas não vou me arrepender,
E ver como se paga a tal penitência no inferno.
- O Trovador –