A LIBERDADE DA GAIVOTA!
Eu escrava súdita da opressão sutil
Tendo cúmplice meus pensamentos
Delimitados por minha fraca e vã existência
Ligada a fortes elos inúteis...
Rebusco à minha remota origem
Entre as parcas alegrias e vertigens
Pó do universo confuso e difuso
Emblemáticos genes multiplicados
Limites impostos, aceita depreciação.
Eu co-responsável de minha dominação
Marionete do jogo da vida que oprime...
No resguardo alicerçado pela pseudosensatez
Florescer da consciência intrauterina
Habitando o que do sangue vai fluindo
Pelos mais refundidos e recontidos labirintos
Vejo em relance o entrelace dos grilhões
Valores e conceitos criados por pensamentos de “índole”
O machucar da navalha afiada que magoa, corta e fere...
Desejos contidos, vontades represadas, alma acorrentada.
Até que o elo se arrebenta, numa explosão silenciosa, incontida...
Repassados pelos cavernosos arquétipos
Lá das mais profundas e obscuras catacumbas
A luz busca uma fresta para iluminar o horizonte
É o salto dos sobressaltos da explosão da casca
A angustia, a inquietação e a insatisfação oxidam, corroem a essência
E doridamente rompem-se os grilhões, por querer ou por osmose.
O estado de força maior que a do tempo que se prendeu que se perdeu.
A gaivota interior liberta-se em suave voo para a sonhada liberdade.
Nesse pendular as ondas neurais fervem reacendendo
A chama que proclama na busca de quem clama
Entre a lágrima e o riso a vida encontra o seu porvir
Que a luz da lua testemunha em suas metafísicas fases
[Porque à felicidade não é estado de encarceramento!].
E o voo ganha a necessária altitude pelo saber da liberdade
Duo: Lufague & Hilde