Outonais
Canto I
O dias passam lentos, pesados,
Nada mais lento e pesado que esses
Dias. É outono, as folhas caem, à tarde
O Vento varre as folhas secas e aflige
Os corações partidos. Lá fora eu ouço
O vento, é quase noite... alguém
Caminha pelas ruas. Um transeunte?
Sim, alguém que não conheço, nem
Ele a mim, o tal desconhecido, mas é
Como se fosse um velho amigo cujo
O paradeiro eu tivera ignorado até
Aquele instante. Eu não estou muito feliz
Em tê-lo reencontrado, tampouco me
Parece que ele esteja, mas agora
É demasiado tarde para que mudemos
De calçada e nos façamos de rogados.
"Como vai, há quanto tempo?!", eu digo.
"Pois é, há quanto!", ele responde.
O constrangimento é evidente. Ensaio
Um palavrório frouxo: por quê? por onde?
Ele ri desenxabido e em seguida olha seu
Relógio. Despeço-me, e ele, é quando volto
A caminhar, dobrando a esquina, à frente,
A recordar-me: ?