Entre homens e ratos

Tenho fome de cultura,

sede de lazer,

pavor dessa gastura,

loucura pelo prazer.

Tenho calos no meu cérebro de tanto pensar

nas vira-voltas de todo esse desenrolar

do amanhã que clama em chegar.

Tenho as mãos lisas para me coçar,

vivo do ócio a matutar,

abro as asas e me jogo em queda-livre

mas antes de tocar o solo me ponho a voar.

Rejeito sua falta de postura,

sua falta de pudor,

sou do tipo que fala e não costura,

faço das palavras a dor e o amor.

Hoje sou um velho astuto

e por isso me visto de luto

para reverenciar ao menos por um minuto

a perda que houve de um pouco de tudo...