TEMPLO SAGRADO
Sendo o corpo um templo,
Lugar sagrado, sacrário vivo,
Com seus pórticos velados,
Átrios e afrescos ornados
Na mais fina beleza,
Ele tem uma grande missão:
Ser morada de um grande Deus.
Tal hóspede, apesar de ser imenso,
Habita confortavelmente lá
A ponto de sentir-se dono.
Embora o templo tenha esse importante hóspede
Que o torna sagrado e amado,
Por ter vida e vontade próprias,
Ele se sente só em guardar algo
Tão precioso e caro,
Tornando-se às vezes vulnerável.
Porém, não convém ao templo
Deixar alguém entrar
Sem antes consultar seu Amo.
Caso isso acontecesse,
Não que o Amo punisse o templo,
Ou o destruísse.
Mas seria uma invasão,
Ou tamanha negligência da missão.
Portanto, para outrem adentrar no templo
Precisará de uma chave, uma senha:
O consentimento do Grande Hóspede.
Já dizia o salmista:
"Para entrar no templo do Senhor,
É preciso ter um coração puro e saber amar."
Acontece que o Doce hóspede, sensível e paterno,
Percebe que o templo precisa de ajuda
Para melhor cumprir sua missão.
E por amor, o Amo revela ao templo
A chegada de um guardião.
O templo, numa alegre e servil obediência,
Aguarda sua vinda e se prepara.
O Amo escolhe cautelosamente o guardião,
Aliás, ele já é também seu sentinela.
Então, chegado o grande dia,
O guardião se aproxima
Diante da última porta.
O templo anseia cada palavra do Amo
Para ser executada.
E o Amo lhe ordenará: "Abre-te!"
O templo em felicidade plena,
Sente uma harmonia de vontades,
De desejos e de bençãos.
O guardião, sentindo-se escolhido,
Adentra no templo, ceia e lá
Faz sua morada.
O templo, enfim, não se sentirá mais só.
E sua reponsabilidade será dividida com alguém.