O Tempo
Tendências taciturnas no alvorecer.
O amanhã nos espera calado.
A manhã depois da noite, o entardecer.
A lacuna do que foi dito e será falado
E no rebotalho das vestes coloniais.
E nos furos amarelos das folhas brancas.
E o resto dos restos ancestrais.
O tempo e a vela e o ponteiro e a lâmpada.
Louvado tempo pelos inseguros,
Carregado de pesadas tristezas.
E tudo lustrado no obscuro
Tic-Tac e soar de cada seca beleza.
Leve, o tempo carrega a força.
De um passado tão presente no futuro.
Existem modernidades tão insossas
Para passados de tanta glória e triunfo.
É mister que o palácio do controle
Seja encerado com o zelo da nobreza.
E que as estatuetas dos descontroles
Controlem-se nos calabouços da pobreza.
O templo tempo tanto tarda.
Volúvel, solúvel. Incabível teia.
O Deus Relógio demora, mas não falha.
Lento e rápido, se esvaecendo por areia.
E é tão louco esse tempo triste.
Que casa com a vida por interesse.
A vida nos olhos translada, a gente assiste.
Daninha do jardim que me floresce.
Mas ainda tomo minha xícara de café.
Mas ainda sinto o soar e ressoar do vento.
Larguei o tempo e fui a pé,
A esmo buscar meu contentamento.