O Tempo

Tendências taciturnas no alvorecer.

O amanhã nos espera calado.

A manhã depois da noite, o entardecer.

A lacuna do que foi dito e será falado

E no rebotalho das vestes coloniais.

E nos furos amarelos das folhas brancas.

E o resto dos restos ancestrais.

O tempo e a vela e o ponteiro e a lâmpada.

Louvado tempo pelos inseguros,

Carregado de pesadas tristezas.

E tudo lustrado no obscuro

Tic-Tac e soar de cada seca beleza.

Leve, o tempo carrega a força.

De um passado tão presente no futuro.

Existem modernidades tão insossas

Para passados de tanta glória e triunfo.

É mister que o palácio do controle

Seja encerado com o zelo da nobreza.

E que as estatuetas dos descontroles

Controlem-se nos calabouços da pobreza.

O templo tempo tanto tarda.

Volúvel, solúvel. Incabível teia.

O Deus Relógio demora, mas não falha.

Lento e rápido, se esvaecendo por areia.

E é tão louco esse tempo triste.

Que casa com a vida por interesse.

A vida nos olhos translada, a gente assiste.

Daninha do jardim que me floresce.

Mas ainda tomo minha xícara de café.

Mas ainda sinto o soar e ressoar do vento.

Larguei o tempo e fui a pé,

A esmo buscar meu contentamento.

Luís Clemente de Campos
Enviado por Luís Clemente de Campos em 02/04/2012
Código do texto: T3590416
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