A Outra Lágrima
Eu sou a outra lágrima,
Branca e liberta,
Sem medo,
Sem rima,
Sem pudor.
A amante mais sofrida
Aquela que sofre escondida
Que vive das migalhas
Ébria dos sufocos da vida
Sempre à espera
Alimentada pelas quimeras
Sua tua mais preciosa estima
Quando deixo o meu sal
Sou a origem da dor
Porque nasço lá das entranhas
Do mar... Do líquido amniótico
Do útero seco e emblemático
Dos desertos... Da solidão!
Mas tenho o sopro vital da esperança
De poder transcender em tua face
Quero curar as mais tristes feridas
Que a vida fez
Na tua tez,
No teu sorriso,
E matar de vez
O que diz ser impossível
Reflexo - mais puro e terno -
Do encanto que vi no pranto
Da tua alma entristecida.
Assim farei sentido
Rolar aos teus lábios
Quando venho te ameigar,
Levo no rastro
O sofrer e a agonia,
A tristeza e a saudade
Sem medo da verdade
Devolvendo aos olhos teus
Aquele brilho que foi,
Desgastado pelo deslustre
Na manhã sem poesia,
Depois da madrugada insone
Apagado,
escondido,
preso e metrificado
pelo aceno de um adeus.
Agora reacende sua força
Magnética magnitude
Pela lavra e virtude
Delicadeza e nobreza
De um poeta clássico
Que deixou o amigo Hilde em lágrimas
Por homenagem tão bela e singela.
Duo: Jorge Montenegro e Hildebrando Menezes
Nota: Inspirado em singela homenagem recebida do poeta Clássico Jorge Montenegro constante no link: http://silviamota.ning.com/profiles/blogs/a-outra-l-grima